Capitalismo natural - origem do conceito
O conceito remonta à década de 1990, com o livro The Ecology of Commerce, de Paul Hawken, que, simultaneamente com os estudos de Amory e Hunter Lovins, forjaram o termo Capitalismo Natural em publicação, com o mesmo nome, de 1999:
“No próximo século, com a população duplicada e os recursos disponíveis per capita reduzidos à metade ou em três quartos, pode ocorrer uma transformação notável na indústria e no comércio. Graças a essa transformação, a sociedade terá condições de criar uma economia vital que consuma radicalmente menos material e energia. Tal economia será capaz de liberar recursos, reduzir o imposto de renda das pessoas físicas, aumentar a despesa per capita na solução dos problemas sociais (ao mesmo tempo que restringe tais problemas) e começar a reparar os danos causados ao meio ambiente. Essas transformações necessárias, se implementadas adequadamente, promoverão a eficiência econômica, a preservação ambiental e a justiça social.” (HAWKEN, 2007).
O conceito matriz de Capitalismo Natural, abrange quatro princípios:
1. Produtividade radical dos recursos – obtenção de produtos e processos de melhor qualidade utilizando menos trabalho e muito menos energia e recursos naturais. Como exemplo temos os materiais e sistemas que operam com várias funções, como os telhados fotovoltaicos que protegem a edificação e geram energia;
2. Biomimetismo – transformação eficiente dos materiais, equipamentos e processos de forma a reduzir o desperdício a partir do redesenho nos moldes de linhas biológicas com a reciclagem total dos materiais. Exemplo dos processos de reúso de águas que chegam a proporcionar três diferentes e sucessivos usos distintos antes do descarte;
3. Economia de serviço e fluxo – transformação da relação capitalista de possuir os bens para o conceito de adquirir os serviços e benefícios do bem. Um bom exemplo da economia de serviço e fluxo são os contratos de outsourcing de cópias e impressão nos quais a instituição contrata os serviços de uma empresa que coloca à disposição as impressoras nos locais determinados pela contratante e se responsabiliza pela manutenção, troca e reposição, recebendo somente o valor apurado relativo ao número de cópias e impressões.
4. Investimento em capital natural – reinvestimento na sustentação, restauração e expansão do capital natural através da manutenção e recuperação do Patrimônio Natural (matas, rochas, cursos d’água, biodiversidade etc). Exemplo das agroflorestas urbanas implantadas em áreas degradadas que absorvem o gás carbônico e simultaneamente produzem alimento humano e animal, além de incrementar a biodiversidade. (HAWKEN, 2007)
Estamos trabalhando na introdução de mais dois princípios. Em breve, o paper: Os 6 princípios do Capitalismo Natural
Uma reflexão:
A estética dos restos e o Capitalismo Natural
Por Mário Hermes Stanziona Viggiano
Este sou eu, há algumas décadas passadas. Sem barriga e muito mais “leve”.
A imagem retrata minha primeira experiência com o reuso.
O local, uma antiga fazenda de parentes no interior de Minas Gerais – município de Inhapim.
À vista, um casqueiro refugado que reviveu e se metamorfoseou em um sentador de encosto alto, ao estilo Mackintosh, não tão desconfortável quanto parece e bem mais instável do que deveria ser.
Futuramente o charmoso pé frontal único foi substituído por dois outros tradicionais. O esteta cedeu ao prático porque, no final das contas, uma cadeira tem que servir para sentar!
Mal sabia eu, que essa técnica que o jovem estudante de arquitetura exercitou, seria batizada, poucos anos mais tarde, como Metabolismo Técnico, e descrita no brilhante livro Cradle to cradle (berço a berço) de Michael Braungart & William McDonough.
O metabolismo técnico é um dos conceitos de uma instigante teoria econômica contemporânea batizada de Capitalismo Natural.
Pragmática na essência e extremamente lógica em sua natureza, a teoria do Capitalismo Natural nos ensina que é possível a transformação de nossa sociedade perdulária, que desperdiça recursos e detona o ambiente, em uma próspera sociedade capaz de transformar seu lixo em recurso, dividir riqueza sem o desastroso controle estatal centralizado, preservar o estoque finito de recursos telúricos e prover as sociedades de condições dignas de sobrevivência.
São quatro as premissas apontadas por Hawken & Lovins no livro Capitalismo Natural:
1. Produtividade radical dos recursos;
2. Redesign de processos;
3. Economia de serviço e fluxo e,
4. Investimento no capital natural.
Estou tomando a liberdade de acrescentar mais duas premissas, mas peço licença a meus leitores, pois vou revelá-las somente no manuscrito que estou escrevendo e que será publicado em algum momento futuro.
Finalizo com uma citação inspiradora:
“Nossa meta é matar-nos de fome? Privar-nos de nossa cultura, de nossas indústrias, de nossa própria presença no planeta e almejarmos o nada? Que meta inspiradora é essa? Não seria maravilhoso se, ao invés de lamentarmos a atividade humana, tivéssemos motivo para defendê-la? E se, por exemplo, os ambientalistas e os fabricantes de automóveis pusessem aplaudir cada vez que alguém trocasse seu carro velho por um novo, porque os carros novos purificariam o ar e produziriam água potável? E se os edifícios imitassem as árvores, proporcionando sombra, habitat para pássaros, comida, energia e água limpa? E se cada novo acréscimo a uma comunidade humana intensificasse a riqueza ecológica e cultural, bem como a econômica? E se as sociedades modernas fossem vistas como ampliadoras de bens e de deleites em escala realmente grande, em vez de levarem o planeta à beira do desastre?” Michael Braungart e William MacDonough – Cradle to Cradle
Brasília, 2 de junho de 2019
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